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Unemat e Fiocruz avaliam impactos das queimadas para saúde de comunidades do Pantanal
UNEMAT FAZ PESQUISA
Unemat e Fiocruz avaliam impactos das queimadas para saúde de comunidades do Pantanal
12/11/2020 12:01:25
por Danielle Tavares, com Agência Fiocruz
Foto por: Mayke Toscano/Arquivo Secom-MT

As intensas queimadas no Pantanal estão associadas, não somente a impactos sociais, ambientais, econômicos, como a inúmeras consequências de curto e médio prazo à saúde humana. Os efeitos dos incêndios no Bioma para a saúde das comunidades locais começam a ser investigados, conjuntamente, pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Além do prejuízo ambiental, a perda da biodiversidade provocada pelos incêndios pode significar o surgimento de novas doenças ainda desconhecidas ou a reemergência de vírus que têm animais como hospedeiros, como o da raiva ou os hantavírus, por exemplo. Estima-se que 60% das doenças que afetam os humanos tenham origem animal.

Os estudos que buscam esses patógenos na natureza são custosos, requerem pessoal especializado tanto para a captura de animais, quanto para a coleta de amostras e para os diagnósticos que perpassam desde a investigação direta, além da infraestrutura.

Para isso, Unemat e Fiocruz vão realizar projetos de média e longa duração, com equipes multidisciplinares. “Alunos de mestrado e doutorado estão envolvidos na ação de minimizar os efeitos do fogo sobre os animais silvestres.  Em conjunto com a Fiocruz, elaboramos propostas de projetos com vistas ao financiamento das novas e tão importantes pesquisas, tanto com pessoas quanto com animais silvestres”, afirmou Áurea Regina Ignácio, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Unemat.

EXPOSIÇÃO A MATERIAIS TÓXICOS

O Pantanal teve o pior mês de outubro em focos de incêndio da história. Foram registrados 2.856 pontos de fogo no bioma, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A população local fica exposta a altas concentrações de materiais extremamente tóxicos presentes na fumaça, como material particulado, monóxido de carbono (CO), metais, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) e outros. Estes compostos podem provocar queimaduras, asfixias e irritação das mucosas, além de causar inúmeras doenças respiratórias, circulatórias, doenças dermatológicas que têm como primeira manifestação as lesões de pele.

A situação é ainda mais preocupante para os grupos vulneráveis e mais expostos, como os brigadistas, crianças e idosos, gestantes, portadores de doenças respiratórias e cardiovasculares crônicas e aqueles que se encontram nos pequenos povoados.

"Uma das nossas linhas de ação é a avaliação de impacto na saúde dos brigadistas, que são a linha de frente do combate ao fogo. Estas pessoas estão expostas a riscos que podem ser irreversíveis. Nossa proposta é fazer, em um primeiro momento, um estudo piloto, com uma pequena amostra, para verificar a condição de saúde da população, incluindo brigadistas, que esteve mais diretamente afetada pelo fogo, a fumaça e o calor”, explicou a pesquisadora da Fiocruz, Sandra Hacon, responsável pelo eixo de saúde humana, em entrevista concedida à Agência Fiocruz de Notícias.

PROPOSTAS DE AÇÃO

 A proposta de trabalho dos pesquisadores se divide em três linhas de ação. A primeira busca estabelecer parcerias locais para planejar a avaliação do comprometimento na saúde daqueles que atuam na linha de frente de combate ao fogo, expostos aos poluentes, à fumaça e ao calor extremo, com queimaduras na pele ou no pulmão.

A segunda linha busca monitorar surtos de doenças infecciosas em animais, com a participação da sociedade, setores e órgãos de governo, estabelecendo vigilância para a possível emergência ou reemergência de agentes infecciosos e outros agravos.

A terceira busca estimular o planejamento, a integração e a implantação de uma Rede Pantaneira de Informação e Dados de Amostras Biológicas, com objetivo de coletar materiais para estudos diversos e multicêntricos, formação de novos profissionais e manutenção de amostras testemunhos para o futuro.

As ações e estudos estão sendo elaborados em parceria entre a Fiocruz, o Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Unemat, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Sesc-Pantanal, Parque Nacional da Chapada dos Guimarães e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT).

 

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